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Foto: Pixabay |
A jornada rumo à realidade da moeda digital ganhou mais um capítulo empolgante, conforme anunciado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira, 7. A identidade da moeda digital brasileira, que equivalerá ao dinheiro em circulação, agora se chama Drex.
Desde março, a plataforma tem passado por testes rigorosos, e as primeiras operações simuladas estão previstas para decolar a partir de setembro. Com a ambição de alargar as fronteiras dos negócios e dar um empurrão na inclusão financeira, o real digital se ergue como uma fortaleza de segurança, praticamente imune a fraudes.
A visão traçada pelo BC é utilizar o Drex para movimentações financeiras de grande envergadura, espelhando o conceito do sistema Pix, que entrou em vigor em 2020, permitindo transferências instantâneas. No caso do Drex, o consumidor terá de transformar seus reais em moeda virtual para enviar dinheiro, seguindo o caminho oposto para receber.
Entenda agora o funcionamento dessa nova moeda digital oficial do Brasil:
Drex em detalhes
O Drex, batizado também de real digital, atua como uma versão eletrônica do papel-moeda, embasando-se na tecnologia blockchain, paralela às criptomoedas. Catalogado sob a denominação de Central Bank Digital Currency (CBDC), esta ferramenta tem sua força ancorada na autoridade monetária do país. Cada unidade da moeda brasileira corresponderá a uma unidade de Drex.
O blockchain, uma barreira impenetrável aos invasores, opera como um banco de dados ou um livro contábil, onde informações são inseridas e compartilhadas de forma segura, veloz e transparente. Desprovido de uma entidade central de controle, esse sistema é fundamentado em uma sequência de blocos criptografados, os quais se fecham após determinado período. Tais blocos se interconectam por meio de senhas criptografadas, obstando a alteração ou remoção de dados.
Diferenças em relação a outras criptomoedas
Distanciando-se das criptomoedas tradicionais, cujo valor flutua diariamente em resposta à oferta e demanda, o valor do CBDC oscila alinhado à taxa de câmbio diária, influenciada pelos fundamentos econômicos e políticas monetárias nacionais. Contudo, tal taxa impacta apenas operações entre países distintos, já que, no âmbito doméstico, o Drex terá igual valor ao dinheiro físico.
Outra discrepância substancial é a forma de criação. Criptomoedas como Bitcoin e Ethereum são "mineradas" através de algoritmos computacionais que consomem quantias significativas de energia. Em contrapartida, o Drex é gerado pelo próprio Banco Central, mantendo paridade com o real.
Diferenças entre Drex e Pix
Apesar de algumas semelhanças com o Pix, que viabiliza transações instantâneas entre diferentes instituições financeiras, o Drex opera em um campo próprio. No Pix, as transferências são efetuadas em reais, sujeitas a limites de segurança estabelecidos pelo BC e pelas instituições financeiras. Em contrapartida, o Drex utiliza a tecnologia blockchain, semelhante às criptomoedas, permitindo transações de valores substancialmente maiores.
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Imagem: Sidney de Almeida | Shutterstock |
Diversidade de serviços oferecidos pelo Drex
Um amplo leque de serviços financeiros ganhará asas com o Drex, incluindo transferências, pagamentos e até mesmo aquisições de títulos públicos. Consórcios autorizados pelo Banco Central poderão explorar novas possibilidades, como pagamentos instantâneos de parcelas de imóveis, veículos e auxílios sociais. Exemplificando, o consórcio formado pela Caixa Econômica Federal, Microsoft do Brasil e a Elo planeja aproveitar ao máximo essas oportunidades.
O Drex também abrirá caminho para a utilização de contratos inteligentes. No contexto de uma venda de um automóvel, por exemplo, não haverá mais debates sobre quem deve realizar o depósito primeiro, o comprador ou o vendedor. Todo o processo será instantâneo, mediado por contratos automatizados, resultando em menos burocracia, menor intervenção intermediária e processos mais ágeis.
Acesso ao Drex
O cenário futuro prevê que o Drex estará ao alcance do consumidor no final de 2024 ou início de 2025, porém, destinado principalmente a operações entre instituições financeiras. Os clientes executarão transações com a moeda digital, porém sem acesso direto a ela; isso será intermediado por meio de carteiras virtuais.
O processo ocorrerá da seguinte forma: primeiramente, o cliente, seja indivíduo ou empresa, depositará uma quantia em reais em uma carteira virtual, que então converterá esse montante em Drex na proporção de R$ 1 para 1 Drex. Essas carteiras serão gerenciadas por bancos, fintechs, cooperativas, corretoras e outras entidades financeiras, sob a vigilância do Banco Central. Conforme a tecnologia evolui, novos tipos de empresas com carteiras virtuais podem emergir.
Após a tokenização, que se trata da conversão de ativos físicos em ativos digitais, o cliente estará apto a transferir sua moeda digital utilizando a tecnologia blockchain. O receptor realizará a conversão dos Drex em reais e poderá efetuar saques.
Tokenização implica a representação digital de ativos ou produtos financeiros, simplificando transações em ambientes virtuais. Através de códigos e processos de identificação, ativos (ou frações deles) podem ser negociados online.
Fases de testes:
Desde março, o Banco Central optou pela plataforma Hyperledger Besu para conduzir experimentações envolvendo diversos tipos de ativos. Essa plataforma, de código aberto, reduz os custos relacionados a licenciamento e royalties.
Em junho, 16 consórcios foram selecionados pelo BC para participar do projeto piloto. Eles se dedicarão a desenvolver sistemas para integrar ao Hyperledger Besu, além de criar produtos financeiros e soluções tecnológicas. A lista completa das entidades escolhidas está disponível no site do BC.
A partir de setembro, esses consórcios lançarão as operações simuladas, concentrando-se na segurança e agilidade nas relações entre o real digital e os depósitos tokenizados em instituições financeiras. As fases de teste ocorrerão de maneira progressiva, pelo menos até fevereiro do próximo ano, quando operações simuladas envolvendo títulos do Tesouro Nacional ganharão destaque.
Ativos em avaliação:
- Depósitos em contas de reservas bancárias
- Depósitos em contas de liquidação
- Depósitos na conta única do Tesouro Nacional
- Depósitos bancários à vista
- Contas de pagamento de instituições financeiras
- Títulos públicos federais
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