Em 2025, comemoramos o centenário de uma das mais importantes figuras do candomblé no Brasil: Mãe Stella de Oxóssi. Mais do que uma líder espiritual, ela foi uma intelectual, escritora e ativista incansável na preservação das tradições afro-brasileiras e na luta contra a intolerância religiosa. Sua trajetória vai além do terreiro; Mãe Stella foi um ícone cultural e social, e seu legado continua a influenciar o Brasil contemporâneo. Ao refletir sobre sua vida e obra, é impossível não reconhecer a relevância de seu trabalho na construção de uma sociedade mais justa e respeitosa com a diversidade religiosa e cultural.
Quem foi Mãe Stella de Oxóssi?
Mãe Stella de Oxóssi nasceu em 1925 e faleceu em 2018, aos 93 anos, deixando uma marca indelével no candomblé e na cultura afro-brasileira. Ela foi a líder espiritual do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, localizado no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, na Bahia. Aos 51 anos, foi escolhida pelos orixás para ser a mãe de santo da casa, posição que ocupou por mais de quatro décadas.
Durante sua liderança, Mãe Stella não apenas manteve viva a tradição religiosa, mas também inovou ao tornar seu terreiro um espaço de conhecimento aberto ao público. Foi criado ali o primeiro museu a céu aberto em uma casa de candomblé na Bahia, permitindo que visitantes conhecessem de perto as práticas e a história da religião.
Preservação da cultura e educação
Um dos ensinamentos mais marcantes de Mãe Stella era a importância da escrita para a preservação do conhecimento. Ela dizia que "aquilo que você não escreve não resiste, o vento leva amanhã". Para ela, registrar os ensinamentos era fundamental para que as tradições não fossem perdidas ou distorcidas com o tempo.
Seguindo essa filosofia, Mãe Stella publicou nove livros, incluindo o renomado Meu Tempo é Agora, onde compartilhou ensinamentos, histórias e reflexões sobre o candomblé. Sua obra é um marco na literatura afro-brasileira e religiosa, pois foi a primeira mãe de santo e orixá a ser reconhecida como imortal pela Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira número 33.
Além da escrita, a educação foi uma paixão que Mãe Stella. Inspirada nos passos de sua ancestral Mãe Aninha (Eugênia Anna dos Santos), fundadora do terreiro, ela acompanhou de perto a criação de uma escola municipal dentro do espaço do terreiro em 1978, com foco na valorização da cultura afro-brasileira. Para Mãe Stella, a educação era uma forma de libertação e empoderamento para as crianças negras, preparando-as para um futuro melhor. Ela acompanhava de perto o funcionamento da escola, demonstrando seu compromisso com a formação intelectual das novas gerações.
A Biblioteca do Terreiro
Dentro do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, Mãe Stella criou uma biblioteca que se tornou um símbolo do compromisso com a educação e a cultura. A maioria dos livros ali é dedicada à literatura negra e à história do candomblé, reforçando a importância do conhecimento escrito para a preservação das tradições.
Mãe Ana de Xangô, sucessora iniciada por Mãe Stella, destaca, em entrevista ao programa Band Cidade, que a líder religiosa via a educação como um compromisso não só espiritual, mas também intelectual e social. Ela queria que seus filhos de santo alcançassem níveis acadêmicos elevados, "com anel de doutor", como gostava de dizer. Essa visão transformadora foi fundamental para o fortalecimento da comunidade e para a valorização da ancestralidade.
Combate à intolerância religiosa e defesa do candomblé
Em diversas ocasiões, Mãe Stella relatou como vivenciou a intolerância religiosa durante sua trajetória. Em suas lembranças, por exemplo, descrevia episódios em que padres diziam que quem praticava o candomblé não podia entrar na igreja ou acender velas, associando os orixás ao "diabo". Ela contestava com firmeza: sabia que não adorava nenhum demônio — apenas os orixás, divindades de uma religião ancestral e sagrada. “...guardei, mas não tinha autoridade, ninguém nem me conhecia para escutar minha voz”, disse em uma de suas falas sobre o preconceito enfrentado.
Em diversas ocasiões, Mãe Stella também foi uma voz ativa na luta contra a intolerância religiosa, especialmente o sincretismo que, para ela, diluía a verdadeira essência do candomblé. Em 1986, durante a Terceira Conferência Mundial da Tradição dos Orixás, realizada nos Estados Unidos, ela liderou uma campanha contra o sincretismo religioso, entregando um documento que expressava sua posição clara e firme.
Essa declaração revela a luta de Mãe Stella para que o candomblé fosse respeitado em sua autenticidade, livre de preconceitos e interpretações equivocadas. Sua liderança ajudou a ampliar o reconhecimento do candomblé como uma religião legítima e uma parte vital do patrimônio cultural brasileiro.
Em 1999, graças ao esforço de Mãe Stella, o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esse reconhecimento oficializou a importância do terreiro como patrimônio histórico, cultural e religioso do Brasil, garantindo sua preservação para as futuras gerações.
Além disso, a trajetória de Mãe Stella foi marcada por conquistas acadêmicas e culturais que a fizeram uma verdadeira referência nacional. Ela foi a primeira mulher negra e mãe de santo a receber o título de imortal na Academia de Letras da Bahia, um feito que simboliza o respeito e a admiração que ela conquistou no meio intelectual.
O legado vivo de Mãe Stella
Embora Mãe Stella tenha falecido em 2018, sua essência e ensinamentos permanecem vivos na memória de seus filhos de santo, na comunidade do candomblé e na cultura brasileira como um todo. Sua sucessora, Mãe Ana de Xangô, ressalta, ainda na entrevista, que, apesar da saudade física, a presença espiritual e o legado de Mãe Stella nunca se apagarão.
"Uma mulher que é uma imortal na academia de letras ocupando a cadeira 33, é porque realmente é uma estrela. E estrela brilha só na vida, estrela brilha na eternidade."
Mãe Stella nos deixou uma lição valiosa: a importância de preservar nossas raízes, de educar para o futuro e de resistir contra as adversidades. Seu exemplo inspira não apenas seguidores do candomblé, mas todos aqueles que valorizam a diversidade cultural e a luta por igualdade e respeito.
Estrela brilhante
Celebrar o centenário de Mãe Stella de Oxóssi é homenagear uma trajetória de fé, cultura, resistência e sabedoria. Ela foi uma mulher que uniu espiritualidade e intelectualidade, mostrando que a religiosidade pode e deve caminhar lado a lado com o conhecimento e a luta social.
Seu legado permanece vivo no terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, na literatura que nos legou, nas escolas que incentivou e na memória de todos que tiveram a honra de conviver com ela. Mãe Stella foi, e continuará sendo, uma estrela brilhante na eternidade do candomblé e da cultura afro-brasileira.
Que seu exemplo continue a inspirar gerações a valorizar suas raízes, a lutar contra a intolerância e a construir um Brasil mais justo e plural.
Essa declaração revela a luta de Mãe Stella para que o candomblé fosse respeitado em sua autenticidade, livre de preconceitos e interpretações equivocadas. Sua liderança ajudou a ampliar o reconhecimento do candomblé como uma religião legítima e uma parte vital do patrimônio cultural brasileiro.
Reconhecimento e patrimônio histórico
Em 1999, graças ao esforço de Mãe Stella, o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esse reconhecimento oficializou a importância do terreiro como patrimônio histórico, cultural e religioso do Brasil, garantindo sua preservação para as futuras gerações.
Além disso, a trajetória de Mãe Stella foi marcada por conquistas acadêmicas e culturais que a fizeram uma verdadeira referência nacional. Ela foi a primeira mulher negra e mãe de santo a receber o título de imortal na Academia de Letras da Bahia, um feito que simboliza o respeito e a admiração que ela conquistou no meio intelectual.
O legado vivo de Mãe Stella
Embora Mãe Stella tenha falecido em 2018, sua essência e ensinamentos permanecem vivos na memória de seus filhos de santo, na comunidade do candomblé e na cultura brasileira como um todo. Sua sucessora, Mãe Ana de Xangô, ressalta, ainda na entrevista, que, apesar da saudade física, a presença espiritual e o legado de Mãe Stella nunca se apagarão.
"Uma mulher que é uma imortal na academia de letras ocupando a cadeira 33, é porque realmente é uma estrela. E estrela brilha só na vida, estrela brilha na eternidade."
Mãe Stella nos deixou uma lição valiosa: a importância de preservar nossas raízes, de educar para o futuro e de resistir contra as adversidades. Seu exemplo inspira não apenas seguidores do candomblé, mas todos aqueles que valorizam a diversidade cultural e a luta por igualdade e respeito.
Estrela brilhante
Celebrar o centenário de Mãe Stella de Oxóssi é homenagear uma trajetória de fé, cultura, resistência e sabedoria. Ela foi uma mulher que uniu espiritualidade e intelectualidade, mostrando que a religiosidade pode e deve caminhar lado a lado com o conhecimento e a luta social.
Seu legado permanece vivo no terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, na literatura que nos legou, nas escolas que incentivou e na memória de todos que tiveram a honra de conviver com ela. Mãe Stella foi, e continuará sendo, uma estrela brilhante na eternidade do candomblé e da cultura afro-brasileira.
Que seu exemplo continue a inspirar gerações a valorizar suas raízes, a lutar contra a intolerância e a construir um Brasil mais justo e plural.
Siga o Blog P. da Notícia nas redes sociais: YouTube, WhatsApp, Facebook, Instagram e Twitter. Ative as notificações, interaja e esteja sempre atualizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário