terça-feira, 12 de setembro de 2023

Saúde mental: desmistificando tabus

O mês de setembro marca a campanha de conscientização sobre prevenção ao suicídio, denominada Setembro Amarelo
Fotos: Pixabay 

A saúde mental é um elemento vital em nossas vidas, uma força que afeta a todos nós. No entanto, ainda permanece envolta em tabus e mal-entendidos, criando uma névoa de incompreensão. Neste cenário desafiador, surge a necessidade premente de promover a saúde mental e estender a mão àqueles que enfrentam batalhas psicológicas. Ao explorar esse tema crucial, nossa intenção é torná-lo acessível a todos que buscam compreender e se envolver. Afinal, a saúde mental é uma realidade que nos toca, de maneira direta ou indireta.

E neste mês de setembro, o brilho do amarelo assume um significado especial. O Setembro Amarelo, uma campanha estabelecida no Brasil, surge para sensibilizar as pessoas sobre o suicídio. Conscientes da extrema delicadeza e importância desse tema, reconhecemos que não podemos abordá-lo de forma isolada, mas sim integrá-lo em uma discussão mais abrangente sobre saúde mental.

Desmistificando a saúde mental

A falta de compreensão sobre a saúde mental pode levar a preconceitos e ao estigma associado às doenças mentais. É essencial esclarecer que problemas de saúde mental não são sinais de fraqueza ou covardia, mas sim condições complexas que podem afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero ou status social.

Quebrando o silêncio

Muitas pessoas que enfrentam problemas de saúde mental sofrem em silêncio, seja por vergonha, medo de julgamentos ou falta de conhecimento sobre como buscar ajuda (veja abaixo onde obter ajuda). É fundamental incentivar o diálogo aberto sobre saúde mental em nossas comunidades, para que aqueles que sofrem saibam que não estão sozinhos e que é seguro procurar ajuda.

A importância da educação em saúde mental

A psicoeducação desempenha um papel crucial na promoção da saúde mental. Ela fornece informações e recursos para que as pessoas compreendam melhor as questões relacionadas à saúde mental, identifiquem os sinais de alerta e saibam onde buscar ajuda quando necessário. A educação contribui para dissipar a ignorância.

Apoio profissional

A disponibilidade de profissionais de saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, é fundamental para oferecer tratamento e apoio às pessoas que enfrentam desafios psicológicos. É essencial expandir a rede de apoio, garantindo que todos tenham acesso a esses serviços vitais.

Políticas públicas e prevenção

Políticas públicas abrangentes são necessárias para abordar questões de saúde mental de forma eficaz. Isso inclui a criação de programas de prevenção, apoio comunitário e recursos para garantir que todos tenham acesso à ajuda quando necessário. Prevenir problemas de saúde mental é tão importante quanto tratá-los.

O papel da mídia

A mídia desempenha um papel significativo na formação de percepções e atitudes em relação à saúde mental. É essencial que a mídia trate o tema com sensibilidade, evitando o sensacionalismo e a glamourização do sofrimento psicológico. Uma abordagem responsável da mídia pode contribuir para eliminar o estigma e incentivar a busca por ajuda.

Sinais de alerta: o que observar

A campanha Setembro Amarelo destaca alguns indicadores que merecem atenção, conforme listados a seguir:

- Expressão de pensamentos ou intenções suicidas;

- Publicações nas redes sociais com conteúdo negativo ou participação em grupos online que promovam o suicídio ou comportamentos relacionados;

- Isolamento e afastamento da família, amigos e grupos sociais, especialmente se a pessoa costumava ser socialmente ativa;

- Comportamentos arriscados que não necessariamente indicam um desejo de morrer, como dirigir de forma imprudente, consumo excessivo de álcool, brigas frequentes, agressividade, impulsividade, etc.;

- Abandono de planos;

- Abordagem desinteressada em relação a eventos estressantes, como acidentes, desemprego, falência, separação dos pais ou perda de um ente querido;

- Despedidas, como declarações do tipo "talvez no próximo Natal eu não esteja aqui com vocês," chamadas telefônicas com teor de despedida ou distribuição de bens pessoais;

- Organização de assuntos pessoais, elaboração de testamentos ou doação/devolução de bens;

- Queixas persistentes de sintomas como desconforto, angústia, falta de prazer ou sensação de falta de sentido na vida;

- Presença de qualquer transtorno psiquiátrico não tratado, incluindo quadros psicóticos, transtornos alimentares e transtornos afetivos, como depressão e transtorno bipolar.

No Brasil, a estimativa é de 14 mil casos por ano, uma média de 38 suicídios por dia

Setembro Amarelo: priorizando a saúde mental

O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, destaca a importância de discutir e agir em prol da saúde mental. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida em todo o mundo. O Brasil não está imune a essa triste realidade, registrando aproximadamente 14 mil suicídios todos os anos, uma média de 38 casos por dia.

Especialistas alertam que a maioria dos casos está relacionada a transtornos mentais, como a depressão. Além disso, preocupantemente, esses problemas estão se manifestando cada vez mais cedo na vida das pessoas.

Pesquisas indicam que 75% dos transtornos mentais em adultos começam antes dos 24 anos. Para os adolescentes, metade desses transtornos tem início antes dos 14 anos. Isso significa que, embora muitas vezes associemos a depressão a adultos, a maioria dessas batalhas silenciosas começa muito cedo.

Um problema que tem surgido cada vez mais cedo é a autolesão, um comportamento preocupante que pode ser um pedido de ajuda. Muitos jovens estão se automutilando por diversos motivos, e é crucial prestar atenção a esses sinais de sofrimento.

Além da autolesão, outros sinais de alerta incluem mudanças de comportamento, queda no rendimento escolar, isolamento social e o uso de roupas que cubram marcas físicas. Esses indicadores podem ser um grito silencioso por ajuda.

O que o Setembro Amarelo pode nos ensinar

Nesse contexto, escolas e pais têm um papel fundamental na identificação precoce de problemas de saúde mental. Professores podem desempenhar um papel importante ao reconhecerem os sinais de sofrimento em seus alunos e encaminhá-los para ajuda adequada.

O Setembro Amarelo oferece uma oportunidade valiosa para as escolas e os pais discutirem abertamente a saúde mental e oferecerem apoio aos jovens que precisam. Conversas abertas, empatia e acolhimento são ferramentas essenciais para enfrentar esse desafio.

Além disso, é importante que o Estado aumente investimentos em saúde mental, ampliando a rede de atendimento no país. A parceria entre pais e escolas, bem como a conscientização contínua sobre a saúde mental, são fundamentais para garantir que os jovens recebam o apoio necessário.

Abordar a saúde mental e prevenção ao suicídio é um compromisso que envolve toda a sociedade, e o Setembro Amarelo nos lembra da importância de cuidarmos uns dos outros, especialmente dos jovens que enfrentam desafios emocionais.

Onde obter ajuda e recursos de apoio

Profissionais de saúde mental e organizações especializadas em prevenção ao suicídio enfatizam a importância de buscar ajuda quando necessário, seja para si mesmo ou para alguém que você perceba precisar de apoio. Aqui estão algumas opções para receber assistência e apoio:

Centro de Valorização da Vida (CVV): O CVV (cvv.org.br) oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio por meio do telefone 188. Além disso, eles disponibilizam opções de chat e e-mail. Este serviço está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana, com total sigilo.

Mapa da Saúde Mental: O Mapa da Saúde Mental (mapasaudemental.com.br) apresenta uma lista de locais de atendimento voluntário, tanto online quanto presencial, em todo o país. É uma excelente fonte para encontrar serviços de apoio.

Pode Falar: Lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Pode Falar (podefalar.org.br) é um canal de ajuda em saúde mental voltado para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Este serviço é anônimo e gratuito, fornecendo informações de suporte e recursos.

Outros: Instituto Ame Sua Mente (amesuamente.org.br) - projeto dedicado a ajudar professores a lidar com questões relacionadas à saúde mental - e Vita Alere (vitaalere.com.br) - disponibiliza variedade de recursos, incluindo atendimentos, cursos, consultorias e palestras.

Em caso de necessidade, também é possível conseguir auxílio em centros de Atenção Psicossocial (CAPs), unidades básicas de Saúde (UBSs), unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende pelo número 192.

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