No Dia Mundial do Rock, celebrado dia 13 de julho, Salvador reafirma seu lugar como uma cidade que vai muito além do axé. Embora internacionalmente conhecida por seus tambores afro-baianos (instrumentos de percussão de origem africana) e pela explosão carnavalesca, a capital baiana também abriga uma cena roqueira vibrante, criativa e em constante movimento — feita de independência, atitude e paixão.
Em meio ao calor tropical, à força das tradições e à diversidade musical, o rock soteropolitano nunca foi produto de massa. Foi — e segue sendo — trincheira, contracultura e expressão de identidade alternativa. Um som que grita por espaço, questiona padrões e resiste ao apagamento midiático.
Raízes firmes e nova geração em ebulição
Salvador sempre respirou rock: nas ruas, nas bandas independentes, nos palcos alternativos e nas produções autorais. Desde os anos 1980, bairros como o Rio Vermelho, Santo Antônio Além do Carmo e o Pelourinho abrigaram espaços culturais que acolheram e impulsionaram a cena alternativa.
Hoje, a cidade testemunha o surgimento de uma nova geração de artistas que usa o rock como base para 'misturas' com MPB, punk, eletrônico, psicodelia e música afro. É um movimento diverso, politizado e autêntico, que coloca Salvador no radar do rock contemporâneo brasileiro.
Bandas, coletivos e palcos da resistência
Grupos como Vivendo do Ócio, Maglore, Os Jonsóns, The Dead Billies, Malefactor e Úteros em Fúria mostraram a vitalidade criativa do rock baiano. Muitos surgiram em garagens, cresceram em bares e conquistaram espaço com talento e independência. Alguns seguem ativos, outros deixaram marcas importantes na história local.
Mesmo com poucos incentivos, festivais como o Palco do Rock (durante o Carnaval), o Rock Concha e o Radioca consolidaram-se como vitrines para a cena alternativa de Salvador.
Espaços como o Idearium, o Calypso, o Groove Bar, o Mercado IAÔ e o Teatro Castro Alves (TCA), serviram como pontos de encontro, inovação e efervescência cultural para a cena roqueira local.
Muito além do axé: Salvador é roqueira também
Celebrar o Dia Mundial do Rock em Salvador é reconhecer uma cena que nunca deixou de pulsar — mesmo longe das grandes rádios ou dos grandes palcos.
O rock baiano é genuíno, inquieto e necessário. Vive nos riffs suados dos bares, nas letras de protesto, nos coletivos independentes e nos artistas que desafiam o senso comum.
Ícones eternos: de Salvador para o Brasil
Além da cena alternativa atual, Salvador tem um legado poderoso no rock nacional, com artistas que se tornaram referência em todo o país.
Raul Seixas: o Maluco Beleza
Nascido em Salvador, Raul Seixas fundiu o rock'n'roll com literatura, misticismo e crítica social. Criou uma estética própria, com alma baiana e pensamento universal.
Músicas como Sociedade Alternativa, Maluco Beleza e Ouro de Tolo continuam atuais e inspiradoras. Raul não apenas moldou o rock brasileiro — ele libertou o gênero, abrindo caminhos que ainda reverberam na cena baiana.
Marcelo Nova e Camisa de Vênus: crítica, deboche e provocação
Nos anos 80, Marcelo Nova deu voz a uma geração inconformada à frente da banda Camisa de Vênus. Com letras ácidas e atitude provocadora, músicas como Bete Morreu e Simca Chambord desafiaram a moral conservadora da época.
No fim dos anos 80, Marcelo Nova se uniu a Raul Seixas para gravar o disco A Panela do Diabo, selando uma parceria histórica entre duas gerações do rock baiano.
Pitty: a força do rock feminino com sotaque baiano
Nos anos 2000, a capital baiana revelou ao Brasil a potência de Pitty, uma das maiores representantes do rock nacional contemporâneo. Natural de Salvador, ela explodiu com o álbum Admirável Chip Novo (2003), levando às rádios letras afiadas, identidade forte e uma performance de palco arrebatadora.
Pitty abriu portas para outras mulheres no rock, e até hoje é referência como artista, produtora e ativista na música brasileira — sempre com sotaque baiano e atitude própria.
Entre o passado e o futuro, Salvador segue no volume máximo
Entre o maluco beleza, o roqueiro provocador e a voz feminina rebelde, Salvador continua escrevendo sua própria história no rock — com coragem, ousadia e autenticidade.
Neste Dia Mundial do Rock, é impossível ignorar que, por trás dos atabaques, também ressoam guitarras distorcidas, versos contestadores e a alma livre de uma cidade que sabe fazer barulho.
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