sábado, 5 de agosto de 2023

Hepatites virais: desmistificar e prevenir

Doença pode evoluir para formas mais graves
Foto: Pixabay

A hepatite viral, uma inflamação silenciosa no fígado, apresenta sérias implicações à saúde. Diversos tipos de vírus estão associados a ela, sendo os mais prevalentes no Brasil os tipos A, B e C. A crescente incidência de hepatites virais no país destaca a relevância da prevenção e diagnóstico antecipado. A campanha de conscientização (Julho Amarelo), que adotou o lema "De Julho a Julho Amarelo. A cura começa com o teste!", enfatiza a importância do diagnóstico ao longo do ano.

O Ministério da Saúde (MS) relata um alarmante aumento de 34,2% nos registros de hepatite entre 2020 e 2022 no Brasil. Na Bahia, apenas no último ano, foram notificados 1.163 casos. Em 2023, até o dia 26 de julho, foram mais 330 casos em Salvador, resultando em 13 mortes, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Contudo, é essencial ponderar que tais números podem refletir subnotificações decorrentes da pandemia.

Apesar do aumento aparente, a hepatologista Nayana Vaz, do Hospital Mater Dei Salvador, alerta que esse cenário pode derivar da subnotificação durante a pandemia. "Analisando os gráficos de detecção das hepatites virais, notamos uma queda em 2020 e 2021, seguida por um acréscimo em 2022 próximo aos valores de 2019. Isso reflete o impacto da pandemia, que dificultou políticas de rastreamento e testagem em 2020 e 2021, resultando em subnotificações", esclarece a especialista.

Mesmo assim, a vigilância e a prevenção não devem ser minimizadas. A hepatite A se dissemina principalmente via consumo de água ou alimentos contaminados por fezes humanas com o vírus. Em locais com saneamento deficiente, o acesso à água potável e o tratamento adequado de esgoto são cruciais.

Já as hepatites B e C são transmitidas via fluidos corporais contaminados, como sangue, sêmen e secreções vaginais. O uso de preservativo durante relações sexuais e a não-partilha de seringas e lâminas não esterilizadas são ações preventivas.

"Uma hepatite pode resultar em problemas mais graves, de uma forma aguda fulminante, requerendo transplante de fígado, até uma forma crônica, sobretudo nas hepatites B e C, cujo desfecho é cirrose", adverte Victor Castro Lima, coordenador de Infectologia no Hospital Mater Dei Salvador. Ele também ressalta que a doença pode evoluir para câncer primário de fígado (carcinoma hepatocelular).

Vacinação é um método crucial na prevenção de hepatites virais

Vacinas: aliadas no combate

Vacinação é um método crucial na prevenção de hepatites virais. Vacinas para hepatites A e B estão disponíveis. A vacinação contra hepatite A está no calendário infantil e é acessível em todas as idades através de serviços públicos e privados. Para hepatite B, a vacinação é universal, abrangendo pessoas até 60 anos, conforme o Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Pacientes diagnosticados encontram tratamentos avançados que asseguram altas taxas de cura e qualidade de vida. A hepatite A é muitas vezes combatida pelo sistema imunológico, exigindo apenas medicamentos para sintomas como náuseas, vômitos e dores.

"Tratamentos antivirais diretos são eficazes para hepatite C, com efeitos colaterais mínimos, ressaltando a importância de testes e diagnósticos", destaca Castro Lima. Quanto à hepatite B, ele observa que, embora complexa, pode ser controlada por antivirais que suprimem replicação viral.

Desmitificando crenças

A hepatologista Nayana Vaz esclarece mitos e verdades sobre hepatites virais, orientando pacientes a buscar ajuda médica de forma assertiva:

Mito: Hepatites virais não têm cura.

Verdade: Tratamentos eficazes estão disponíveis para hepatites B e C, com altas taxas de cura para hepatite C e controle para hepatite B.

Verdade: Vacinas para hepatites são seguras e eficazes, reduzindo a disseminação.

Mito: Alimentos ou medicamentos desintoxicam o fígado.

Verdade: Alimentação equilibrada e exercícios são fundamentais para a saúde hepática.

Verdade: Hepatites crônicas e/ou cirrose aumentam risco de câncer hepático. Diagnosticados devem ser monitorados e realizar exames frequentes.

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