domingo, 14 de maio de 2023

Mães solo: a jornada da maternidade solitária

Mais de 11 milhões de brasileiras criam filhos sozinhas
Foto: Freepik

O Dia das Mães é uma data especial em que celebramos o amor, a dedicação e o cuidado das mães em todo o mundo. No entanto, é importante destacar que existem mães que enfrentam um desafio ainda maior: as mães solo. Essas são as mulheres corajosas que criam seus filhos sem a presença de um pai ou parceiro, assumindo sozinhas a responsabilidade e os desafios da maternidade.

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), revelou que o Brasil possui mais de 11 milhões de mães solo, um número significativo que demonstra a importância de discutir e compreender a realidade dessas mulheres. Nos últimos dez anos, o país registrou um aumento de 1,7 milhão de mães que assumiram a criação dos filhos sem o auxílio paterno.

O estudo também revelou que 90% das mulheres que se tornaram mães solo entre 2012 e 2022 são negras. Essa estatística evidencia a desigualdade racial presente na sociedade brasileira e os desafios adicionais enfrentados por elas, que muitas vezes precisam lidar com a discriminação e a falta de oportunidades.

Além disso, cerca de 15% dos lares brasileiros são chefiados por mães solo, sendo que essa proporção é ainda maior nas regiões Norte e Nordeste do país. Essas mães, na maioria das vezes, vivem apenas com seus filhos e não contam com uma rede de apoio próxima. A ausência de suporte familiar ou comunitário dificulta ainda mais a jornada dessas mulheres, que precisam ser resilientes e enfrentar todos os desafios que a maternidade e a vida lhes impõem.

Dificuldade no mercado de trabalho

A realidade das mães solo também afeta diretamente sua vida profissional. Conciliar a rotina de cuidado com os filhos e a busca por emprego é uma tarefa extremamente desafiadora. Muitas vezes, essas mães não conseguem ter um emprego fixo devido à falta de flexibilidade de horários e acabam recorrendo a trabalhos informais. Essa instabilidade e falta de segurança afetam não apenas o seu sustento, mas também sua autoestima e perspectivas de futuro.

De acordo com o levantamento, as mães solo têm um rendimento médio 39% inferior aos homens casados com filhos e 20% menor do que as mulheres casadas com filhos. Essa disparidade salarial reflete as dificuldades que essas mulheres enfrentam no mercado de trabalho, que muitas vezes as relega a ocupações precárias e mal remuneradas.

Diante de todos esses desafios, é fundamental que a sociedade reconheça e valorize a força e a resiliência das mães solo. Essas mulheres são exemplos de determinação, amor incondicional e superação. Elas merecem todo o apoio, respeito e reconhecimento por enfrentarem a jornada da maternidade de forma corajosa e independente.

Mais de 11 milhões de brasileiras criam filhos sozinhas
Foto: Pixabay

Principais desafios enfrentados por elas

É importante não apenas homenagear, mas também refletir sobre a realidade das mães solo e buscar maneiras de oferecer suporte e oportunidades para que elas possam criar seus filhos com dignidade e qualidade de vida. Existem algumas medidas que podem ser adotadas para ajudar as mães solo a enfrentar os desafios que encontram em seu caminho.

Em primeiro lugar, é essencial promover a igualdade de gênero e combater a discriminação racial, uma vez que esses fatores desempenham um papel significativo nas dificuldades enfrentadas pelas mães solo. É necessário criar políticas públicas e programas de conscientização que incentivem a equidade e a inclusão, garantindo que essas mulheres tenham acesso a oportunidades de trabalho, educação e desenvolvimento profissional.

Também é necessário investir em estruturas de apoio à maternidade. Isso inclui a criação de creches públicas acessíveis e de qualidade, que permitam às mães solo conciliar suas responsabilidades parentais com suas atividades profissionais. Essas creches não apenas ofereceriam um ambiente seguro para as crianças, mas também proporcionariam às mães a tranquilidade necessária para se concentrarem em suas carreiras.

Outra medida importante é a implementação de programas de assistência social voltados especificamente para as mães solo. Isso pode envolver a oferta de suporte financeiro, auxílio moradia, capacitação profissional e orientação para a busca de emprego. Essas iniciativas podem ajudar a reduzir a disparidade salarial e oferecer às mães solo a oportunidade de melhorar sua situação econômica.

Futuro mais justo e inclusivo

Para mais, é relevante promover a conscientização e a empatia em relação às mães solo. Também é considerável evitar o estigma e os preconceitos associados a essa realidade e reconhecer o valor e a importância do trabalho que elas realizam na criação de seus filhos. A sociedade pode contribuir oferecendo apoio emocional, respeito e compreensão às mães solo, reconhecendo sua força e determinação.

O Dia das Mães é uma oportunidade para celebrar todas as mães e expressar gratidão por seu amor e dedicação. No entanto, é uma ocasião para refletir sobre as mães solo e agir para promover a igualdade e oferecer suporte a elas. Ao reconhecer os desafios que enfrentam e buscar soluções efetivas, podemos ajudar a construir um futuro mais justo e inclusivo para todas as mães e suas famílias.

As mães solo desempenham um papel crucial na sociedade, enfrentando desafios únicos e tendo que equilibrar a maternidade com as demandas do cotidiano. É essencial compreender a realidade dessas mulheres, reconhecer suas conquistas e lutar por melhores condições e oportunidades para elas. No Dia das Mães e em todos os dias, devemos valorizar e apoiar as mães solo, honrando sua coragem, amor e dedicação incansáveis.

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