quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Dia do Cerrado: bioma é o segundo mais ameaçado no país

Dia do Cerrado: bioma é o segundo mais ameaçado no país
Fotos: Joédson Alves | Agência Brasil

O segundo maior bioma brasileiro também ocupa essa posição (segundo) quando o assunto é ameaça à biodiversidade e aos serviços ecossistemáticos. De acordo com estudo realizado pela Mapbiomas, o Cerrado perdeu 27% de sua vegetação nativa nos últimos 39 anos, o que representa 38 milhões de hectares.

Em toda a cobertura natural do país que sofreu transformação no uso do solo, o bioma, proporcionalmente, só foi menos afetado que o Pampa, que perdeu 28% de vegetação nativa ao longo desses anos.

Também conhecido como savana brasileira, o Cerrado ocupa 25% do território nacional, em 11 estados que se estendem do Nordeste à maior parte do Centro-Oeste, e mantém áreas de transição com praticamente todos os biomas, exceto os Pampas. Pelas características adquiridas no contato com mais quatro ecossistemas (Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga), é considerada a savana mais biodiversa do planeta.

Ao longo desse período, o bioma teve 88 milhões de hectares atingidos pelo fogo, o que causou a perda de 9,5 milhões de hectares. Embora seja mais resiliente aos incêndios, pesquisadores apontam que as mudanças climáticas associadas ao uso indiscriminado do fogo têm ameaçado a integridade de sua cobertura natural. “É essencial implementar políticas públicas que promovam a conscientização, reforcem sistemas de monitoramento e apliquem leis rigorosamente contra queimadas ilegais”, reforça a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Vera Arruda.

Junto com a cobertura natural do solo, a perda do Cerrado significa perder também a sua enorme capacidade de reter gás carbônico na biomassa de suas longas raízes, de recarregar a água subterrânea e de manter o ciclo hídrico que equilibra o planeta. “Temos observado que as áreas úmidas no Cerrado estão secando. Além disso, a expansão da agricultura sobre essas áreas vêm ocorrendo em algumas regiões no bioma, o que pode afetar o abastecimento hídrico e resultar em escassez de água para a população e para a agricultura, aumentando também a vulnerabilidade a desastres climáticos e à perda de biodiversidade”, alerta Joaquim Raposo, pesquisador do Ipam.

Para se ter uma ideia, de toda a área perdida ao longo dos 39 anos estudados, 500 mil hectares foram de áreas úmidas substituídas principalmente por pastagem. São áreas naturais consideradas fundamentais na manutenção dos recursos hídricos, presentes em 6 milhões de hectares do bioma onde nascem oito das 12 bacias hidrográficas brasileiras.

Neste 11 de setembro, em que é celebrado o Dia do Cerrado, organizações da sociedade civil como os institutos Cerrados, Sociedade População e Natureza, Ipam e WWF Brasil lançaram uma campanha de sensibilização sobre a relevância do bioma e os desafios a serem enfrentados para a sua preservação.

Chamada Cerrado, Coração das Águas, a campanha foi lançada em um site que reúne informações relevantes sobre o bioma, suas características, biodiversidade, povos, turismo e caminhos para a preservação, além de reunir boas histórias dessa “floresta invertida”.

Dia do Cerrado: bioma é o segundo mais ameaçado no país

Berço das águas do Brasil

Neste Dia do Cerrado, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) celebram o bioma que é considerado o berço das águas do Brasil, abrigando as nascentes de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul: a Amazônica/Tocantins, a São Francisco e a Prata. Com sua riqueza em biodiversidade e imenso potencial aquífero, o Cerrado ocupa cerca de 22% do território nacional, abrangendo estados como Bahia, Goiás, Minas Gerais, além de outros. Este patrimônio natural, no entanto, também enfrenta desafios significativos, como o desmatamento e os impactos das mudanças climáticas.

Na Bahia, as ações de preservação do Cerrado têm sido um exemplo de sucesso. O estado foi o único a registrar uma redução de 52,4% no desmatamento deste bioma na localidade do Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), graças à implementação de políticas ambientais eficientes, como o Pacto pelo Cerrado.

O secretário do Meio Ambiente, Eduardo Mendonça Sodré Martins, afirma que o governo da Bahia seguirá comprometido em avançar na proteção desse patrimônio natural. "Esse resultado é fruto do trabalho conjunto entre a Sema, o Inema e nossos parceiros, focados na fiscalização, na educação ambiental e nas operações estratégicas, como a Operação Mata do Guará, que não só combateu o desmatamento, mas também possibilitou a reintrodução de espécies ameaçadas ao seu habitat natural, como o lobo-guará”.

O gestor ambiental afirma ainda que, apesar das grandes conquistas, ainda há muito a ser feito. “O Cerrado é essencial não só para o clima e para a biodiversidade, mas também para os povos que dele dependem. Celebramos hoje nossas conquistas, mas temos plena consciência de que nossa luta pela preservação do Cerrado continua”, destacou Sodré.

As ações de fiscalização, educação ambiental, prevenção de incêndios e a gestão compartilhada com municípios e consórcios públicos são os pilares que sustentam o plano de ação do Pacto pelo Cerrado, uma iniciativa que se estende de 2023 a 2027 com o objetivo de reduzir o desmatamento ilegal e restaurar áreas degradadas do bioma.

]O pacto prevê ainda a modernização das ferramentas de monitoramento florestal e a realização de operações planejadas, como a Operação Mata do Guará, que, segundo a diretora-geral do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Maria Amélia Lins, visa combater o desmatamento e outros crimes ambientais em seis municípios da região Oeste da Bahia.

“Além das ações pontuais desencadeadas por denúncias, o Inema já implementou diversas operações de fiscalização ambiental com foco no combate ao desmatamento no Cerrado. Uma das ações que teve um impacto significativo na redução do desmatamento ilegal em propriedades rurais foi a Mata do Guará, onde realizamos ações prioritárias que visam à redução do desmatamento ilegal e à promoção do desenvolvimento sustentável”, afirmou a diretora Geral do Inema.

Só neste ano de 2024, a Operação Mata do Guará fiscalizou quase sete mil (6.746) hectares, resultando na aplicação de aproximadamente R$ 2.230.819,00 reais em multas por infrações ambientais no Cerrado baiano, com o apoio da Companhia Independente de Policiamento de Proteção Ambiental (Cippa). A ação também reintroduziu espécies ameaçadas, como o lobo-guará, símbolo da operação, em áreas restauradas do Cerrado, contribuindo para o equilíbrio da fauna local.

*Com informações da Ag. Brasil e Ascom-Sema

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